Um obituário é uma homenagem para quem já partiu, um registro da natureza idiossincrática das nossas caminhadas e uma forma de registro, de preservação da memória. É um gênero jornalístico bastante consolidado e tradicional na imprensa escrita, popularizado primeiramente nos Estados Unidos por jornais como The New York Times e revistas como The Economist. 

Se na sua origem, ainda no século XIX, a função era unicamente informar a comunidade de algum falecimento, com o tempo esse tipo de texto se desenvolveu como um veículo narrativo mais versátil, e por vezes até poético. No Brasil, coube ao jornal Folha de S. Paulo explorar os limites dos obituários, colorindo com tintas literárias as histórias de celebridades e também de anônimos. 

A memória é fugaz e por vezes até traiçoeira, a oralidade é efêmera e facilmente descaracterizada pela erosão do tempo. Já a palavra escrita permanece e até sobrevive a nós. Contar e ler essas histórias cumpre também uma função terapêutica de auxiliar no processo do luto, de elaboração da perda pela celebração do que há de mais belo e precioso, a vida.